Controle de qualidade
Exercício Colaborativo de polimorfismos de DNA em manchas e/ou outros fluidos biológicos
Desde 1992 o Grupo Espanhol e Português da Sociedade Internacional de Genética Forense (GEP-ISFG, atualmente GHEP-ISFG) vem organizando um exercício de colaboração para investigação de polimorfismos de DNA, com o objectivo de avançar na padronização dos métodos e proporcionar um primeiro ponto de encontro para discutir as estratégias de análise e as diferentes metodologias empregadas pelos distintos laboratórios. O exercício é coordenado por Josefina Gómez Fernández do Serviço de Garantía de Calidad do Departamento de Madrid do Instituto Nacional de Toxicología y Ciencias Forenses. Estes exercícios dão lugar a reuniões de trabalho, foro de debate entre os participantes onde se expõem as dificuldades na análise de polimorfismos de DNA e a necessidade, legal e prática de que as análises se realizem com a garantia exigida. Daí que, em 1995 o exercício começasse a funcionar como um autêntico controle de qualidade, em os laboratórios que obtivessem maus resultados em algum dos marcadores utilizados se comprometiam a não utilizá-lo em casos forenses enquanto não estivessem solucionadas as situações que haviam originado o erro e se submetessem a um novo controle. O exercício é anual e consiste no envio de várias manchas de sangue e/ou outro fluido biológico, simulando um caso real e que é estudado pelos laboratórios participantes. O exercício compreende não só a parte analítica mas também inclui a estatística aplicada e a emissão do relatório, com o propósito de que sirva aos laboratórios, não só para a comprovação dos resultados mas também para evidenciar as discrepâncias interlaboratoriais e que sirva como ponto de partida para uma unificação e normalização de técnicas e critérios. Até ao momento realizaram-se dezesseis exercícios e o número de laboratórios participantes tem aumentado, passando de 10 no primeiro exercício a 113 no último, correspondente ao ano 2010. Os laboratórios participantes pertencem a diferentes países, principalmente de Espanha e Portugal, mas também da Iberoamérica. Os participantes são, na maior parte, laboratórios públicos, mas tem-se verificado o aumento do número de laboratórios privados inscritos. Os estudos são realizados por diferentes sistemas de PCR, cromossoma Y, cromossoma X e DNA mitocondrial. Desde 1995 o exercício inclui um estudo de paternidade. Os resultados obtidos, apesar do aumento de participantes são satisfatórios. Foram recentemente publicados, pelo que os interessados podem consultar as referências anexas. Contudo, o grande número de marcadores utilizados dificulta a realização do Controle, que só pode ser efectivo caso no futuro se chegue a uma padronização e se limite o número de sistemas utilizados. Os resultados obtidos na investigação de paternidade são igualmente satisfatórios apesar das diferentes bases de dados e frequências utilizadas, o que é indicativo dos avanços realizados relativamente à padronização dos métodos estatísticos utilizados. O esforço realizado ao desenvolver este exercício vê-se recompensado pela sua boa aceitação assim como pelos bons resultados que se têm obtido, o que vai a auxiliar enormemente, em conjunto com outras actividades do Grupo, a conseguir incrementar e unificar a qualidade das análises nos laboratórios de Genética Forense de Espanha, Portugal y América Latina. Podem participar todos os laboratórios interessados do Grupo. A cada laboratório é atribuído um código para garantir o anonimato dos resultados. O exercício é anual, enviando-se nas datas estabelecidas na reunião do Grupo.
Bibliografia
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